A importância do Ecossistema de Inovação na advocacia

Já pensou em aplicar lições do ecossistema de inovação na advocacia? Os operadores do direito podem se beneficiar deste universo de diversas maneiras. E é sobre isso que vou falar no texto de hoje.

 

Antes de começar, acho importante compartilhar com você alguns conceitos importantes sobre o tema. A partir dessas definições fica mais fácil entender algumas atitudes que são estimuladas nesse meio. Confira:

 

Afinal, o que é um Ecossistema de Inovação?

 

O termo surgiu a partir da apropriação do conceito de ecossistema da biologia, que é entendido como um conjunto de interações entre os organismos vivos e os componentes abióticos. Ou seja, plantas, animais e micróbios, além dos elementos químicos e físicos, como o ar, a água, o solo e minerais.

 

Em uma analogia, o conceito biológico foi transportado para o ambiente de inovação. Assim, surgiu o “Ecossistema de inovação”.

 

Ele pode ser entendido como um conjunto de indivíduos que interagem e uma determinada região, promovendo, estimulando e produzindo inovação e negócios inovadores. Esses “indivíduos” podem ser o próprio governo, universidades, institutos de pesquisa, laboratórios, pequenas e grandes empresas e até o mercado financeiro.

 

Assim, a ideia é criar um ambiente de desenvolvimento empresarial que alcance resultados mais promissores do que a atuação isolada e individual de cada uma das partes envolvidas. Fácil de entender, não é? Então vamos conhecer os atores desse sistema.

 

Os atores do Ecossistema de Inovação e seu papel

 

São inúmeros os atores que influenciam no desenvolvimento de um ecossistema de inovação. Destaquei 5 deles abaixo:

 

1. Talentos

 

A existência de talentos é um fator essencial para qualquer ambiente. E para que um ecossistema se desenvolva e prospere é primordial a construção e retenção dessa força de trabalho. Assim, será possível obter profissionais com as características necessárias às startups e com capacidade de construir negócios inovadores e manter o espírito da inovação local.

 

Os principais fatores que levam a construção e manutenção de talentos estão ligados a uma comunidade com instituições de ensino de excelência. São universidades, oportunidades de cursos, workshops, eventos e hackathons. Junto disso, um espaço compartilhamento de informações, de conquistas e falhas, além de um mercado de trabalho que estimule as diferentes habilidades, experiências e mindsets.

 

2. Densidade

 

Nada mais estimulante e significativo para o aprimoramento de um ecossistema de inovação senão a história por trás dele. A presença de grande mestres e o convívio com mentes brilhantes e empreendedores de sucesso aumenta drasticamente o potencial de surgimento de novos negócios de destaque.

 

A densidade pode ser estimulada através de programas de fomento, criação de aceleradoras e de incubadoras. Também por meio da construção de hubs de inovação, reunindo uma rede de mentores, pesquisadores e empresas, além de atração de empresas de sucesso.

 

3. Cultura

 

Acredito que este é um dos fatores mais difícil de se desenvolver, uma vez que ela depende de fatores psicológicos, comportamentais e históricos. Porém, ela pode e deve ser estimulada.

 

A cultura da inovação está muito atrelada a capacidade de superação, aceitação do fracasso e manutenção do foco. Aceitar o fracasso e conviver com ele é parte integrante do aprendizado. Além disso, o compartilhamento de ideias, informações, conhecimentos e habilidades são quesitos essenciais para criar de uma cultura empreendedora.

 

Nesse aspecto é importante sempre lembrar que o compartilhamento de ideias não é uma “divisão” de conhecimento, mas sim um “multiplicação” de aprendizados.

 

4. Capital

 

Outro fator importante para o crescimento do ecossistema de inovação é a existência de atores que concedam capital aos empreendedores, principalmente àqueles em fase inicial ou em expansão do negócio. Embora o capital não seja o fator que define quais empreendimentos tiveram sucesso e quais fracassaram, ele ajuda em fases específicas e possibilita o crescimentos das empresas.

 

A existência de investidores e bancos com experiência em empresas inovadoras auxilia a comunidade para saber como obter e utilizar os recursos. O que pode fazer a diferença para o sucesso da empresa. Investidores experientes podem ajudar os fundadores do coach ao longo de sua jornada.

 

Os formuladores de políticas podem adotar medidas proativas para facilitar o acesso das startups ao capital necessário para iniciar e ampliar os negócios e criar incentivos fiscais para os investidores.

 

5. Governo

 

Os Governos têm um papel a desempenhar criando um ambiente regulatório estável, previsível e favorável para empreendedores e investidores.

 

Para criar um ambiente regulatório favorável, os países devem se concentrar na facilidade de iniciar e fechar um negócio, política fiscal, responsabilidade intermediária e portos seguros. Além disso, buscar manter uma rede global, proteção patentária que apoie a inovação, formalizando modelos alternativos de financiamento e investindo em R&D.

 

Benefícios do ecossistema de inovação na advocacia

 

Agora você já conhece o ecossistema de inovação, os atores envolvidos e, principalmente, a visão de interconexão e colaboração existente nesse ambiente. Por isso, podemos falar sobre como os operadores do direito podem começar a se planejar e inserir nesse meio.

 

Veja como você pode se beneficiar deste universo, contribuindo e obtendo resultados a partir dele:

 

Trocando de experiências

 

A palavra que mais se apresenta no ecossistema de inovação é colaboração, sendo estimulado o comportamento give first. Portanto, pense em contribuir sem objetivos de retorno. Deixe isso para o tempo.

 

O ambiente de inovação é muito volátil. O conhecimento conquistado até então pode não valer mais meses depois. Pensando nessa “instabilidade” e o desafio constante por aprendizado, seja uma ponte de auxílio, troque experiências e estimule a criação de conexões. Contribua com o que você sabe.

 

Utilize os seus erro para ajudar outras pessoas. Além disso, escute ensinamentos de empreendedores que falharam ou obtiveram sucesso e utilize-os de modo a aprender. Aprender com as falhas dos outros é sempre mais barato, ágil e inteligente, não se deixe falhar para então aprender.

 

Criando redes de indicação

 

Se você está próximo do ecossistema de inovação e contribuindo para o seu desenvolvimento, provavelmente será lembrado quando alguém buscar o serviço ou produto que você é expert.

 

Conhecer pessoas, empresas, universidades e parceiros pode ser uma excelente forma de ser lembrado. Isso porque neste tipo de ambiente, as empresas crescem próximas e confiam no trabalho umas das outras.

 

Para o cliente isso é vantajoso, afinal tudo fica mais fácil e ágil quando os fornecedores estão juntos e colaboram entre si. Além disso, para as empresas, estabelecer uma rede de parcerias torna o trabalho mais fluido e eficaz a cada projeto.

 

Adquirindo novos conhecimentos

 

Outro ponto de destaque é a possibilidade de troca de ideias e a agilidade em obter novos conhecimentos. O ambiente de inovação é muito dinâmico, a cada momento novos negócios são criados, novos processos são desenvolvidos, novas culturas são estimuladas e novas formas de atuar são percebidas.

 

Nada mais fácil para adquirir conhecimento senão estar inserido nele, conversando com os seus atores, lendo notícias, participando de eventos e conferências, enfim tendo contato com o ecossistema.

 

Aquisição de talentos

 

Captar novos talentos é um desafio constante das empresas. Podemos falar que contratar as pessoas certas pode ser o diferencial para que a um negócio cresça e seja reconhecido como referência.

 

Conseguir conquistar os talentos certos e mantê-los dentro da seu escritório é ainda mais importante quanto tratamos de uma advocacia especializada e setorizada. Afinal, a qualificação dos profissionais é essencial nestes casos.

 

Outro fator importante é contratar e manter profissionais que se conectem com o ecossistema, respirem tecnologia e sejam protagonistas.

 

A atuação dos Advogados no Ecossistema de Inovação

 

Como visto, os advogados têm muitos benefícios ao participarem do ecossistema de inovação. Porém, algo importante a ser frizado é que, ao atuar nesse segmento o profissional precisa fugir do tradicional. Para conseguir prosperar você deve ter atitudes inovadoras e dinâmicas.

 

O advogado deve participar ativamente das discussões e utilizar a criatividade para construir negócios jurídicos válidos aos seus clientes. Mais que isso, precisa adaptar o direito da atualidade aos modelos de negócio inovadores.

 

Também é preciso ir além do conhecimento jurídico. Noções de administração, processo de venda, marketing, modelos de negócio e outras habilidades serão requisitadas aos advogados. Conhecimentos que não são necessariamente adquiridos na faculdade de Direito.

 

Por fim, a atuação do advogado será essencialmente extrajudicial, mitigando os riscos, auxiliando na definição de estratégias do negócio e conciliando a inovação à legislação atual. A advocacia adquire um forte viés educativo ao cliente, com o objetivo de informá-lo, reduzir os riscos da atividade, além de viabilizá-la juridicamente.

 

Desta forma, o exercício da advocacia nesse contexto adquire o caráter preventivo de conflitos, adequando os interesses dos clientes a maneiras possíveis de obtê-los. Diverge, então, da visão tradicional do advogado que aceita e executa, no mínimo, os objetivos iniciais do cliente, sem se preocupar com os riscos que essa ação pode gerar, futuramente.

 

Conclusão

 

A partir do conhecimento de como funciona um ecossistema de inovação na advocacia, é possível perceber que diversos benefícios surgem a partir desta união. Desde contratação de profissionais, indicação de clientes e aquisição de conhecimento.

 

Por outro lado, para participar e colher bons frutos o advogado precisa expandir sua mentalidade e fugir do formalismo jurídico, atuando para estimular a inovação e não barrá-la. Deve, ainda, agir como um conciliador, retirando as vestes de litigioso e “briguento”, auxiliando os empreendedores na mitigação de riscos jurídicos sem matar o negócio inovador.

 

Acredito que o advogado precisa ter habilidades empreendedoras, conhecer diversas áreas que serão usadas para enriquecer e aprimorar o trabalho jurídico. Mas, principalmente, que fale mais “SIM” do que “NÃO”. Isso não quer dizer que deverá estimular a criação de negócios que afrontem a legislação vigente, mas sim que encontre formas para que o empreendimento seja realizado.

 

Fonte

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